terça-feira






“Aqui jaz um coração.” Escreveu no mármore branco com sua tinta de escrita negra. Foi quando escutou uma voz familiar atrás dela:

- O que faz aqui, garota?
- Nada. Só vim enterrar algo, aqui.
- O que enterrou?
- Vim enterrar meu coração.
- Está louca? Como enterras teu próprio coração?
- Não me serve mais.
- Coração não é como um objeto descartável, que após o vencimento você simplesmente joga no lixo.
- Não quero mais sentir.
- E, por isso, enterrou teu coração?
- Não.
- E, pelo o que foi então?
- Foi por amor.
- Enterrou teu coração por amor?
- Sim.
- Que tipo de amor é este?
- Amor próprio.

sábado



Olá, tudo bem? Lembra-se de min? Não? Tudo bem. Talvez, o que eu te fale, possa refrescar um pouco sua memória.
Sou aquele que nunca te abandonou, mesmo quando todo mundo o fez. Sou aquele que te segurou nos braços e não te deixei cair. E, se por acaso, caísse, te dei a mão para te ajudar á levantar. Sou aquele que estive contigo em todos os momentos da tua vida. Sou aquele que limpei todas tuas lágrimas. Que te dei aquela palavra de conforto quando você precisava. Sou aquele que te ama acima de todas as coisas. Eu sou aquele que nunca te farei mal algum. Sou seu amigo fiel. Pai. Protetor. Seu amparo. Guardião. Velo teu sono todas as noites. E, você nem me vê. Ás vezes, você dorme e nem sequer conversou comigo. Seus dias são tão corridos, que muitas vezes você se esquece de me dizer um “Obrigado”. Isso me dói. Muito. Mas, eu continuo te amando. E, todos os dias, eu te darei uma nova chance. Ás vezes, eu te repreendo para que você se lembre mais de min. Mas, você apenas me julga pelo ocorrido. Coloco-te em vários desafios, apenas para te mostrar o quanto você é forte... E, você simplesmente me despreza. Você muitas vezes tem grandes vitórias que eu preparei para tua vida... Mas, você nem me deixa compartilhar-las com você. Ás vezes, você se cansa de min. Mas, eu nunca me canso de você. Lembrou-se de quem sou? Eu sou teu Deus. Eu dei minha vida por você, lembra? Ei, ainda me ouve? Já dormiu. Tudo bem. Durma bem. Eu fico bem aqui, cuidando de ti. Como sempre fiz. Eu te amo, filho. 



Fiz-me de amiga pra poder te guiar. Levar-te pra longe. Num lugar só nosso. Para, de lá, enxergamos as estrelas. Éramos cúmplices. Confidentes. Arrisquei-me em dizer que éramos “almas-gemeas”. Algo nós unia. E, mesmo que brigássemos algo sempre nós traríamos de volta. O que era realmente aquilo eu nunca saberei. Jamais achei um nome cabível para nosso elo. Fui pra você, tudo que desejava em alguém para min. Amiga ou amante, não importa como você me queria no dia... Eu estaria ali. Quantas vezes eu cuidei de você, por madrugadas frias e cinzentas. Até um dia, você passou por min. Fingiu não me reconhecer. “É só um mau dia.” Pensei. Tentei qualquer contato contigo. Respostas frias. Aliás, não sei se poderia chamar um leve balançar de cabeça ao responder “sim” e “não” uma resposta. Lembrei-me dos velhos tempos. De quando brincávamos de ser feliz. Riamos de tudo. Nossas manias, intimidades, brincadeiras. Só nossas. Pedi conselho á todos. E, ouvi sempre á mesma coisa: “Afaste-se.”. Não consegui. Você era tudo que eu já tive um dia. Ou, talvez, tudo que eu jamais tive... Mas, sempre quis ter. Com o tempo você conheceu outras pessoas. Não posso me fazer de inocente. Também conheci. Mas, as outras pessoas que conheci tinham uma desvantagem enorme: Nenhuma era você. Nenhuma me fazia rir como você. Nenhuma me fazia tão feliz como você... E, suas novas amigas? Pareciam perfeitas. Talvez, era aquilo que você sempre desejou.  Amigas, amantes. Risadas. Intimidades. Compartilharam cada momento de tristeza e alegria seu. Quando você estivesse doente, elas ficariam contigo em madrugadas cinzentas, não ficariam? Elas enfrentariam á chuva das 5 da tarde, pra ir à tua casa e apenas te abraçar, não enfrentariam? Era fariam tudo àquilo que um dia eu fiz. Seriam tuas melhores amigas... Até, que um dia você encontraria outras melhores... Já era sua lei. Decepcionada, com o que você se tornou logo me afastei. E, hoje, de longe, observo-te... Observo como alguém que já foi tudo em minha vida. E, hoje, não faz questão de ser nem mesmo um mero conhecido.







- Você só tem dezesseis anos. Como pode achar que sabe algo da vida?
- Não acho que sei. Eu realmente sei.
- Ora! Mais que petulância.
- Não foi uma ofensa.
- Me digas, então. O que sabes sobre a vida?
(Silêncio).
“Maldita hora que o silêncio não vale mais que mil palavras...” pensou.
- Sei amar.
- Não sabes.
- Sei.
- E, me digas, então: Como aprendeu á amar?
- Me machucando.
- Como te machucaste?
- Me feriram.
- E, como te feriram?
- Não me corresponderam.
- Ora, pois. Isto não seria “não saber amar”?
- Devo-lhe dizer que isso sim é amar. É sofrer.
- O amor é algo bom.
- Mas, dói.
- Ele pode fazer-te sorrir.
- Mas, antes de me fazer sorrir, ele vai me machucar diversas vezes.
E, foi-se embora. Como se soubesse demais. Como se não soubesse de mais nada.